segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Cel Sergio Ataide: Polícia Militar e a Revolta da chibata.

19/02/17 14:07:51: Cel Sergio Ataide: Polícia Militar e a Revolta da chibata.

Em 22 de Novembro de 2017, completará 107 anos que aconteceu uma das maiores reivindicações de Militares da história do Brasil. O fato ocorreu nas Forças Armadas, no Ambiente da Marinha, quando Marcelino Rodrigues, um Marinheiro, foi punido com 250 chibatadas impostas pelo Comando da época, devido a uma transgressão deste militar subordinado contra outro colega de caserna.

Como se não bastasse o castigo físico, esse ato "disciplinar" era aplicado na presença dos demais subordinados, como uma forma coercitiva para limitar os ânimos dos MILITARES da Marinha. Entretanto, o resultado desse abuso surtiu um efeito inesperadamente contrário; liderados pelo Almirante Negro (João Cândido) e desencadeada a revolta, o COMANDANTE DO NAVIO E TRÊS OFICIAIS MORRERAM, a classe das praças ganhou mais adeptos ao chegar na Bahia de Guababara. Com o CAOS INSTALADO, os MILITARES fizeram exigências, dentre as quais se exigia o fim dos castigos físicos, melhoria da alimentação e ANISTIA para os participantes dessa que ficou conhecida como a REVOLTA DA CHIBATA. Caso não fossem atendidos, ameaçavam BOMBARDEAR A CAPITAL BRASILEIRA, na época, a então Cidade Maravilhosa.

Covardemente, o GOVERNO traiu os Amotinados; fazendo-se vencido, esperaram a tropa rebelada baixar as ARMAS e, diante da bandeira branca de paz, o Presidente Hermes da Fonseca, expulsou alguns revoltosos, o que ocasionou uma Segunda revolta no começo de dezembro, na Ilha das Cobras, o que desta vez houve forte repressão do  governo, havendo várias prisões de marinheiros  em celas subterrâneas da Fortaleza da Ilha, outros presos foram enviados para a Amazônia, onde seriam forçados aos trabalhos na produção de borracha e por último, o líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de Alienados. O Líder do movimento, foi absolvido no ano de 1912 das acusações junto com outros marinheiros que participaram da revolta.

Hoje, quase 107 anos após, devido ao mesmo problema da NÃO NEGOCIAÇÃO ou busca de soluções  aos dilemas existentes, a classe de Praças, desta vez da FORÇA AUXILIAR, "parece" viver uma história cíclica.

Devido a uma ATITUDE tomada por um Major da PMERJ, o qual agrediu com estrangulamento esposas de Praças que faziam protestos pacíficos, e associando a isso o apoio irrestrito de um Capitão que desafiou os queixosos a irem ao seu encontro NO BATALHÃO, instalou-se na Corporação daquele ESTADO, um clima de troca de farpas. Não se sabe se há ligação, mas o Capitão Bandeira veio a óbito, numa emboscada onde foi metralhado.

O clima de insatisfação cresce nos demais Estados devido a forma como os Militares Estaduais são tratados por seus respectivos Governantes. 

No Espirito Santo, expulsa-se POLICIAIS MILITARES que tiveram envolvimento com a última Greve gerando sentimento de injustiça contra a tropa; 

Em Pernambuco, a desvalorização dos POLICIAIS MILITARES em detrimento a outra categoria (Polícia Civil) da mesma Secretaria, resulta numa batalha de resistência que já trouxe o Natal e Réveillon mais violentos de todos os tempos neste Estado, e Devido a FALTA DE NEGOCIAÇÃO E ATENDIMENTO AOS ANSEIOS DA TROPA o maior Bloco Carnavalesco do Mundo, o Galo da Madrugada, não vislumbra uma estatística muito otimista, pois POLICIAIS se recusam a trabalhar nas suas folgas, o que reduziu em até 60% o número desses Policiais nas ruas de todo o Estado Pernambucano.

A Revolta da Chibata é só um exemplo do que pode acontecer quando uma categoria é OPRIMIDA por regimes e políticas degradantes a condição humana. Hoje o Castigo não é mais a CHIBATADA, mas a intransigência na hora de escutar, sentir, e atender aos anseios e da TROPA que apenas pede um salário condizente com sua função.

Todos, políticos e sociedade, sabem da importância dos serviços prestados pelos Militares Estaduais, de sua necessidade de atuação contínua, presente e visível, entretanto, menosprezam seus soldados como desprezamos uma formiga, isolamos alguns indivíduos, os pisamos, os subestimamos, mas esquecemos que podemos ser surpreendidos com sua reação em cadeia, como um formigueiro inteiro que sai ao ataque de seu ameaçador.

GOVERNADORES e COMANDANTES: ouçam suas tropas! Atentem para seus sinais, não os subestimem por causa de um Código de Conduta, o respeito imposto pelo medo tende a ser desafiado e ultrapassado. Unam-se a esses que são seus BRAÇOS e PERNAS: se eles pararem, o Estado Para, fica desprotegido e a mercê do VERDADEIRO INIMIGO, Não se apoiem nas punições ou ameaças, mas no RESPEITO e RETRIBUIÇÃO.

A TROPA tem o prazer de SERVIR, mas precisa garantir, como um verdadeiro herói, o Pão de cada dia para seus familiares que não sabem se é certo o retorno do guerreiro que todos os dias escolhe combater o crime, mesmo com o risco da própria vida.


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